quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Galo das seis e meia, ou duas e quatro.

enquanto todos dormem, eu escrevo
porque é melhor assim
minhas idéias turbulentas não correm o risco de poluir os seus sonhos
e meus sonhos palavreados não correm o risco de serem poluídos por suas idéias barulhentas

são paulo é uma cidade de vermes
mas, não contei ainda, por isso ninguém sabe
não vermes de cadáver
vermes que consomem, engordam, são cegos, gulosos, famintos, feios, não olham para o céu
São Paulo é linda
a nova yorque do terceiro mundo com o perdão gramatical bem concedido

é a carta de alforria para uma infinidade de vidas
é o poço descabido de balde para uma avalanche de nomes

agora, enquanto uma grande porção dorme
eu escrevo
porque é esse mundo que as palavras habitam
porque, elas não são mudas, como hão de pensar

são sonoras, chatinhas, bobagentas
mas, adoram companhia e café
algumas tem um ar blasé, como ferrorama
outras, como listrado, simplesmente gostam de aparecer
mas, fato, corrente, elo e grilhão, estão sempre aí

elas brincam comigo se eu brincar com elas
o que é justo, é justo
é a lei dos Deuses

até agora, eu tinha lido uns versos que diziam assim:
"Esmagar o mundo com as sandálias calçadas sob seus pés"
faço isso tudo ao contrário
"Desesmago a unidade sem as palavras descalçadas abaixo de minhas mãos"
bonito, né?

isso não é um poema
embora pareça
e também não é um texto
embora pareça

lembrei de outra frase.
Raul, o Seixas, aquele que pedem para tocar:
"Se é mel, não posso afirmar com toda certeza, que parece mel, tem cheiro de mel e gosto de mel, isso eu posso afirmar"
Já reparou como todo mundo olha TV
ninguém assiste a TV
que você faz? perguntam
to assistindo TV
não, tá olhando a TV
no máximo, assiste a vida passar entre os comerciais

entende?

careço de uma falta de compreensão profunda
entende, isso não é uma cilada silábica, é sinceridade injetada numa construção
é, realmente uma cidade de vermes
zumbis, sonâmbulos.

salvem-se todos.
lembrei de trezentos filósofos agora.
não os de Esparta, mas, pelo menos de dois gregos
sócrates e Platão.
e as caixas altas e baixas são propositais
as
vezes
como agora, eu provo que sou mais inteligente do que pareço

porque pareço ser um completo idiota
uma anta de galochas
mas, não sou.
sinto muito

Os deuses forjaram meu espírito assim
livre
montador
desmontador
uno e vuno
tal qual mundos e fundos
que, no momento, não disponho.

uma triste conclusão de neurônios.
sabe o que me faz perder a cabeça?
as mulheres.

é tão prazeroso assim para vocês pensar nas mulheres? ou nos homens? ou vice e versa?
para mim é.
e não é sexual, latente, lascivo, embora, as vezes seja
é natural, enigmático, envolvente.

hmmm... como sinto prazer em pensar nas mulheres
hoje, uma lótus no metrô
ou um sorriso sincero a distância
amanhã, o mundo
uma dimensão

não é a toa que o Conan tem aquela cara, sabia?
Ele é Cimério. Deflorava mulheres como quem come de talher
E comia com as mãos. Em ambos os casos.

Poesia é uma arte.
isso, isso é um amontado de palavras.
poupe seu tempo preocupando-se com você.

Me diz, quantos anos você tem?
O que faz da vida?
O que quer realmente fazer?

Se tivessemos uma régua estariamos todos, sempre, na mesma distância de obter nossos sonhos
pensa bem, seus maiores sonhos
agora, pensa nos maiores sonhos da sua irmã, melhor amiga, avó, ex-namorado, detento do carandiru
pega uma régua imaginária,
mede.

viu?
mesma distância.

hoje em dia, ninguém se preocupa mais em decifrar as coisas
sejam as mulheres
o dia, as nuvems, as pessoas, ou as palavras
ninguém decifra nem a si mesmo

eu me permito tentar
minha esfínge pessoal adora me pregar peças
mas, como as palavras, o que é justo é justo.

Qual a distância dos seus maiores sonhos? De coração...
E, o que é justo para você?

Viu. Entendeu agora, né?
São Paulo é uma cidade de vermes.
não por injustiça, imposição social, temporal ou cultural.

é falta de olhar para o céu.
ou no peito
e se encantar com as estrelas.

Não sou de falar de sentimentos
mas, eu amo certas coisas.
como a incrível habilidade de se fascinar.
amo, e sinto um incrível prazer.

como faço ao brincar com as palavras
ao pensar sobre as mulheres.

Enquanto eu escrevo
todo mundo dorme.
Será que alguém abre o olho porque o dia raia?
não.

Viu?
Você é mais esperto do que parece.
Boa sorte, você vai precisar.

Olha, não esquece a régua.
não esquece o sonho.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Diáspora



é um conjunto de coisas
é vontade
falta de explicação
acontecimentos e não acontecimentos
é necessidade de explicação
e falta de um conjunto de coisas
não sem mede
não se entende
não se pede
se tem ou não
se confia
e se resigna
sabendo que existem males que vem para bem

ainda não perdi os dedos
a esperança devastadora de um único homem
vou, sim, porque, a estrada brilha com meu nome por entre os montes
mas, volto, com novidades para cantar
com canções maiores e mais belas
vivo
e com fé
e com todas essas coisas abstratas que não se entende, não se explica
se crê
no amor, no universo, na música
em você
e, em mim mesmo.

até breve.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Firaga Blizzaga e Acordeon

Hoje minha banda predileta de outro país faz show em São Paulo.
eu não vou.
já fui.
Foi um dos melhores shows da minha vida.
sozinho, dancei e pulei e gritei tanto que no final, cai exausto no show. Levantei só uns 10 minutos depois que a galera tinha começado a ir embora.
Amo a música que eles fazem.
Mas, no momento, não disponho da módica quantia de 60 reais e uma lata de leite em pó para apreciar o show.
Gostaria de entrevistar Eugene, que, além de grande frontman é um dos meus ídolos. O cara fugiu de Chernobyl com 13 anos e, passando por trocentos lugares ao redor do mundo, sobreviveu. E sobrevive, e faz o que gosta e vive disso.
Um puta ucraniano gente fina!
Mas, tem coisas e coisas na vida. Algumas a gente pode fazer, outras, infelizmente, não pode.
Eu não posso fazer uma viagem cruzando todos os estados do Brasil.
Não posso cruzar todas as fronteiras dos países, se eu decidir desembarcar na França e seguir de moto até Bangladesh.
Não posso escrever meus textos e viver pura e simplesmente disso.
Não posso convencer todas as pessoas do mundo, ou da linha verde do metrô, que cara feia não leva a nada e que seria muito melhor começar o dia bem, disposto a conversar e conhecer gente nova.
Não posso tomar sol quando está calor.
Ou chuva quando chove.
Não posso assistir aulas na Escola Livre de Cinema, no MIT ou na Universidade Federal de Santa Catarina, simplesmente porque gosto de determinado assunto.
Não posso andar armado com armas brancas não letais com lâminas maiores de 10 cm.
Não posso comer o meat balls do Subway sem ficar com azia.
Tem coisas nessa vida que a gente pode e coisas que não pode fazer. E isso, pra te dizer a real, really sucks!
O Gogol vai voltar outras vezes, porque o Eugene adora o Brasil.
Eu ainda vou ganhar dinheiro suficiente para realizar todas as outras vontades, sem ter qualquer tipo de problema.
O lanche do Subway eu vou continuar comendo, mesmo ficando com azia, porque azia não mata e se matasse, morria, ao menos, de barriga cheia.
Já as pessoas emburradas da linha verde do metrô e do mundo, bem, não se pode ter tudo.
Quem sabe daqui a muitas encarnações os espíritos sejam mais livres, como os pensamentos são, e neste claustro de observar, pensar, agir e fazer, realizar seja o verbo de ação. Realizar.
Intransferível como bilhete único.
Poderoso como uma chuva às 18h em São Paulo.
E meu reino, todo ele, por um centavo de mulher.
"I bet you look good on the dancefloor..."

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

dia 1 tomada 22, claquete, ação!

hoje eu faço aniversário.
aniversário é bom, porque a gente chega a um monte de conclusões e faz mas um monte de coisa na cabeça.
cheguei a várias conclusões.
a primeira é que sou importante para as pessoas na mesma proporção que as pessoas são importantes para mim.
quem gosta muito de mim me ligou.
quem não pode ligar, mandou mensagem.
uns até reclamaram da falta de abraço.
quem não pode reclamar, só deu parabéns.

ganhei poucos, mas, bons presentes.
fiquei muito feliz com todos eles.
pelo que as pessoas desejam e falam de mim, descobri muitas coisas.
devo ser um cara legal, embora um pouco idiota.
falaram do meu sorriso e, eu nem sorrir sei, devem haver de ter confundido com a risada.
pelos meus dotes culinários e beberísticos, brigadeiro, doce, conhaque e cerveja devem estar facilmente associados a minha figura. mesa farta!
deve ser alguma coisa no meu cabelo, ou as mulheres começaram a me achar mais interessante?

quanto mais sinto saudades dos meus irmãos, mais eles importam na minha vida.
todo vez que falo obrigado, falo de coração.

e, o mais importante, o importante mesmo, é ser feliz e amar a vida.
porque em gratidão, ela vai te amar de volta. e, quando a vida te ama, é como se você fizesse aniversário.
ainda não dormi, então, ainda estou no primeiro dia desse novo ciclo.

tenho um pedido a fazer.
tenho tantos.
mas, vou pedir um, que, eu acho que vai ser bom.
é uma coisa que eu quero e vai me deixar feliz.
de, resto, é só repetir o que eu mais disse nesse dia, e, provavelmente, vou dizer em todos os dias que ficar feliz como estou agora.
obrigado.