Tem dias que eu me faço pouco
e tem dias que eu me faço farto
como aquele agradecimento sincero
como um impulso incontrolável
besta-fera
peste do samba
para mim, tudo gira numa imensa ciranda de letras
e no final, eu não consigo ir no cavalinho azul
eu preferia a motinho preta
mas, ela tá sempre ocupada
Que o Devorador de sonhos consuma-te
ocupador da motinho preta
que nessa supra de egoísmo crayon
eu quero tudo que é meu de direito
liberdade além do papel
desejo mais que tudo
realidade ao alcance dos dedos
desejo mais que tudo
aquele punhado de beijos
a morte das mentiras
seu cheiro
outro dia sonhei contigo
é
você me abraçava tão forte
tão forte
e tudo era seu cheiro
exuberante como sempre foi
orquídea da minha vida
se você soubesse
ai, se você soubesse
quem sabe, se você soubesse, aquele abraço não tardaria tanto a chegar
nem me escuta mais
nem lembra do tom da minha voz no telefone
das músicas
foi como em um dia
muito lindo
todo mundo sabe que eu não sou uma fortaleza de aço
só para os tolos sou um totem impenetrável
mas, ninguém sabe meu segredo
não é uma lista de palavras vazias
nem dicionário
nem cidade com nome de fruta
tem dias, que me falta clareza
e me sobra sonho
de pegar com a mão
colocar na casquinha e tomar feito sorvete
mas, mesmo depois de uma anomalia temporal
de uma tempestade de aranhas tecelãs da terceira era
é seu cheiro
e o meu segredo
plantado no meu coração
não há doutor que cure meu mal
vivo assim
refina-me
e me conduz para essa lágrima
doce feito o argil do ferro
sobra saudade e sal
refina-me
e me arremessa como pássaro
defenestra-me para além da motinho preta
porque eu sou assim
e meu mal é não querer a mim
refina-me
para que eu possa olhar além
de Rá-Amon
da cúpula do trovão
das cicatrizes do seu coração
sabe, quando a Julia canta
quando ela canta macia no meu solo
Julia, meu amor
só teu grave consola meu afeto
de resto
noite, tsuki, rede de segurança e deserto
refina-me
refina me
até que o sol se separe
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