quinta-feira, 19 de junho de 2008

RESUMMA

Hoje eu vi fotos da França
Lindas fotos da França
Hoje eu vi uma garota que eu não conhecia
Ela era jornalista
E uma coisa leva a outra
Por uma matéria bem escrita
Acabei conhecendo o novo apartamento da moça
Na França
Em Paris, na França
Perto do metrô Republique.
Um apartamento térreo, com flores e vãos na entrada,
Com um quarto, sala, cozinha, banheiro e lavabo.
Um apartamento bonitinho, todo decorado.
E vi mais uma porção de fotos da França
Nunca gostei muito da França
Sempre me perguntavam, como é? Não vai a França?
E eu dizia – não! O que há para se ver na França?
Só franceses com croissants doces
Servidos apenas no café da manhã
È um sacre’le bleu colocar queijo num croissant francês
Mas eram lindas as fotos da França
Tantos lugares para se ver na França.
Hoje eu pensei em outros lugares, Japão, Tokyo, Katmandu, Malásia, África, Marraquesh, Berlim, Moscou, Buenos Aires.
Hoje eu pensei num globo, ou num mapa,
Uma mapa seria melhor
Um grande mapa mundi meio amarelado, com gravuras
Onde eu colocaria um alfinetinho por cada um dos lugares que havia passado
Seria um mapa tão grande e bonito.
E com fotos grudadas nos alfinites.
Muitas fotos lindas de lugares como a França
E diferentes, muitas coisas

Hoje meu mapinha só tem uma meia dúzia de alfinetes, no sudeste do continente sul americano.
Um alfinetinho no nordeste do Brasil e um alfinetinho no Sul...
Meu mapa hoje está desbalanceado
E bem pouco espaçado
Meu mapa que eu não tenho
Mas que ainda ficará na sala da minha casa
Eu espero muito que fique

A realidade tem sido tão áspera ultimamente
Tenho tentado engolir minha dose de animo diário
Guardar a revolta e a preguiça numa caixinha
Vestir meu manto ilusório de satisfação e vir para o trabalho...

Mas as vezes sofro desses temporões de desavontade
..

Fico escrevendo coisas e criando textos.
Só porque hoje eu vi fotos da França
E gostaria de estar lá...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O homem de algodão doce

Tanta coisa passa pela vida
Tudo que tinge o algodão

Horas para azul, horas para preto,
oras vermelho, rosa e amarelo varal...

Sou o homem de algodão doce
Não sou o senhor que vende algodão doce
O que é triste, porque não tenho buzina
Mas sou o homem de algodão doce
Pareço maior e mais volumoso

Mas no fim me resumo a um sumo
Tenro, macio e gostoso

Veja o homem de algodão doce
De cabeça branca e braços azuis
De peito rosa e pernas amarelas

Hey, homem de algodão doce
Que voa para longe com um vento
E que nunca para na mão de criança

Homem que sempre se suja
Trespassado com palito sua esperança
Fincada em suas costas, segue o controle dos homens
Uma haste de madeira, e por lá eles te consomem

Segue o homem algodão doce
De leveza e sabor da vida
Poxa homem de algodão doce, não desmanche
Não caminhe

Homem de algodão doce
Que restou de você
Foram os outros que vos devoraram
Porque suculento na vida fora você

Morreu o homem de algodão doce
Virou glicose, sacarose, se foi

Pobre homem de algodão doce
Tudo que tinha perdido, esvaído numa única mordida
Vá homem de algodão doce
Porque outros irão em seguida

“seus problemas são tão pequenos...
Pare!
Quais problemas são grandes?
Grande deve ser a sabedoria de viver.
Doce, bela, cheia de cor, sabor e perfume...
De momentos engrandecidos deve ser lembrada a vida
Pois viver é caminhar nas lembranças
E lembrar é imaginar o futuro, que já passou...
Qual tempo não passa?
Pare!
Qual tempo é tão grande?
Grande deve ser a sabedoria de viver.”

terça-feira, 3 de junho de 2008

Flamin viságe

Já fui criativo
Hoje sou um tolo...

Não ouso, nem crio, nem danço, nem domo
Só tomo, como, demo e sono, tanto sono

As vezes ainda me pego sonhando com Helsinque
Que beleza de cidade, se os finlandeses me permitem
Só faria um comentário, pra acrescentar o meu requinte
Gostaria de morar numa das vielas mais quentes

Que por mais que eu goste de frio
E como gosto do frio, acreditem
Nenhum lugar do mundo é tão frio como Helsinque
Na verdade sim, existem lugares mais frios
Friozíssimos, frigintes
Mas de todos esses outros lugares, eu só moraria em Helsinque

Berlim, Moscou, Petesburgo, Reikjavky
Talvez Edimburgo, Medelin, Oyzumi City
Mas por enquanto é tudo sonho,
Se os finlandeses me permitem

Por enquanto o lance é Brooklin, Bandeirantes, ABC
Muito trabalho, pouco dinheiro e nenhum lazer

Já imaginei que ganharia muito dinheiro, que faria sucesso
E viveria mais tranqüilo, sem agonias pra me perturbar
Para que eu pudesse ao menos um dia da semana
Acordar sem o despertar
Massacrante da musiquinha alegre do meu celular
Esse negócio de telefonia nunca se esforçou pra me agradar
E a minha pessoa por sua vez também nunca se esforçou pra gostar
É útil pra ouvir músicas, tirar fotos e as vezes ligar
Que paradoxo da telefonia ser tudo mais e cada vez menos telefone
Celular
Meu organismo insiste em rejeitar
Os remédios, sacrilégios
Pequenos comprimidos sinceros
Comprometidos em fazer melhorar
Ou pelo menos fazer parte dos efeitos
Que a tal da bula mandar
Tornou-se até corriqueiro
O meu diário desespero
De me sustentar
Em pé
Ou sentado
Mais freqüentemente digitando
Calado
Pensando
Em mais coisas pra me preocupar
Que coisa louca
Essa falta de aventura
Que a rotina atura
Para nos agüentar
Que tolice pura
Falta-me travessura
De subir na arvore
De rir e brincar
De pular na piscina
E de fazer da rima
Uma arte muito mais fina
Que uma fuga vulgar