sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Silvestre

Cada passo um novo olhar
em cada rosto um novo significado

Acolhimento
liberdade

Não são sentimentos antagônicos
são complementares

Eu, sob a benção da titã Antares
sigo na escuridão

As vozes, os sonhos
Sou lápis e papel, apenas
e a chama do lampião

Na grama, onde me deito
no riacho, onde sacio minha sede
na cabana simples, eu mesmo construí

Quando a tempestade se anuncia no fim da tarde
É na gruta que vou acender as velas e ler os mistérios encadernados

A cabana só me poupa do sol das tardes incessantes
e a rede abriga meu sono com sonhos de suave balançar

A noite, cozinho alguma carne, guardada no isopor geladinho, amarrado no fundo da gruta
o eterno tic tic da goteira, a mantêm gelada.

Os morcegos já se acostumaram com minha presença.
As cobras ainda assustam minhas madrugadas.

Os insetos não gostam da fumaça do meu incenso de pedra
E os deuses me visitam na alvorada para falar sobre símbolos e plantas.

E quando numa manhã sólida de vento rápido
caminho algumas milhas até a civilização, eu compro pão, leite e vinagre

Queijo de coalho, rapadura e milho. Sabão, sal e dois sacos de pano.

E passo rápido pela banca de jornais, leio as notícias, ali, na vitrininha.

No caminho de volta, quebro cana, roubo uns maços de almeirão e salsinha.

À noite, faço um sopão. Espanta o frio depois da garoa. Os sapos coacham alto e eu durmo feliz.

Amanhã, vou cozer um panelão de milho com canela e sal.
Pescar alguma coisa para a janta.

E rabiscar estas palavras num pedaço de papel.

Meu coração é assim. Encontra calma nos braços da terra. Contempla a Terra nos braços do céu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bem aventurado o aventureiro que faz da mata sua cidade e da cidade seu viveiro, sem perder sua sanidade e sem viver com receio.

Anônimo disse...

só faltou o cachorro... que vida boa!