segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Não quero mais seus dentes

Faz tempo que eu não te via, né.
eu sei, eu sei.
Mas, sei que ela cuidou muito bem de você.
Muito melhor do que eu poderia ter cuidado, provavelmente.

Mas, você sempre foi arteira, não é?
Sempre esperando meu momento de deslize pra fugir.
Tenho até hoje as cicatrizes do seu primeiro banho. Guardo com carinho.

Você era nosso símbolo de tudo que poderia dar certo.
De tudo que tinhamos um pelo outro.
Fico me perguntando se isso também se foi. Se vai se esvair, enfraquecer.

Pessoal dizia que você era feio e sem graça, mas, era tudo mentira.
Você é adorável. Meio quietona, claro. E, tudo bem que eu só soube que você era menina depois que eu já tinha partido.
Fazer o que...

Mas, a gente conversava bastante.
E gostava de tomar sol junto.
E são dessas coisas que eu vou lembrar.
Porque eu te amo muito.

Agradeço demais a sua mãe, porque tenho certeza que ela fez de tudo para te deixar aqui.
Mas, tudo tem sua hora né.
Você veio para gente para encontrar um lugar melhor.
Agora, tenho certeza que você está no melhor lugar possível.

Não vou te mandar um beijo, porque você iria virar a cabeça e fazer aquela cara de não que só você faz.
Nem vou fazer carinho na crista, porque você também não gosta.
Vou te pegar mentalmente e te colocar no sol, ficar te olhando, olhando, pensando no que você está pensando.
E aí, quando você tentar fugir, voltar pro verde. Eu vou te deixar ir.
Para sempre.

Tchau Darwin.
Ou Darwin-Lúcia.
Fica bem.

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