segunda-feira, 6 de julho de 2009

Ignição

Ritmo e velocidade
Nas longínquas tramas dançantes
Ou na rota quente do asfalto da cidade
Entre toneladas de concreto aquecido
Entre frios e penosos olhares
Naquela paisagem deslumbrante entra as montanhas
Nas trilhas, perdidas, exóticas, estranhas
Ou no meu emaranhado de vontades

Não sou desses fãs de motores
Mas, apóio de todo peito essa desventura de sabores
O amarelo de amor, o verde de esbravejar, o perseguir
Almejar, alcançar
Poucas, pouquíssimas pessoas partilham
Essa minha vontade de viver a vida

A gana de engolir os momentos em largas doses
Para não perder um segundo da maratona divina
Para bater a cabeça e aprender errando
E para me sufocar num mar de cabelos, suor ou pranto
Então, quando eu passo, tudo soa assim, silencioso
E desfocado

Como borrões no pára-brisa
Reflexos de um dia nublado
Viver num mar de cinza, num “gran pri” de curvas certas
Não importa a quantidade, tudo foge, seca.

Nada de óculos bacana de piloto
Como o Rei no calhambeque
Nada que me salte aos olhos
Que me instiga
Que me merece.

Fico, aqui pensando, se é um dom acelerado
Uma força centrípeta distorcida
Se é alguma cousa estranha
Ou puro olhar alienígena

Daria para criar toda uma ciência
Baseada em enxergar as coisas como vejo
Em discernir obstáculos na pista
Ou um macaco com bocejo

E por mais sentido que faça
E quando surge um rival no carro vermelho
Seja o corredor X ou fumaça
Apenas uma sombra no espelho

Meu ar todo se enche de graça
Os pedais se tornam meus dedos
E na largada a vida toda eu encalço
Perseguindo ser meu próprio meio.
Se chegar entre os três primeiros
Levar taça ou champanhe, não importa
Quero mesmo é ultrapassar o limite
Que separa o normal, e viver de anseios
Quero ser combustível para, acredite,
Ser a ignição no estalar dos dedos.


E aí, me tornarei, sem fim, o cometa harley dos novos tempos.


'só porque a lua estava magnífica, nesse exato momento, e vale, ao menos, minha oferenda de um punhado de sorrisos. Aos herdeiros da Terra, um maravilhoso sonhar.'

eu.ogami

4 comentários:

Feh disse...

Ontem, quando desci do carro e olhei a lua, lembrei de você!
Linda!
Saudades

Feh disse...

esquece, comentei errado
saudades do que? falso!

Heloisa disse...

Esse sim, vale a pena.
Oo gasolina fortuita, você mesmo falou uma vez que existe sim coisas interessantes nas pessoas aparentemente sem graça do dia a dia. Só é preciso olhar com mais atenção...

Amie disse...

Belo, a velocidade, o mar de cinza, a paisagem, a adrenalina, o pedal.

Tudo se junta e se transforma. E ganha forma.

E dá vontade de correr.