sexta-feira, 24 de julho de 2009

alt f5 alt f5 alt f5 divagações de Godammit las hay e punto. f5

Como é?
Perguntavam ao garoto.
Para ele era um misto de doce de abóbora da vó e steady as she goes do raconteurs
sempre dizia para mim mesmo que era a melhor coisa que Jack White fez desde Seven Nation Army
era como aquele gibi do Lanterna, com toda a qualidade de cores, como a tropa alpha sem o estrela polar
as vezes, um sabre de luz desligado. um sabre de luz laranja.
um pedaço da guia da calçada, cheio de chiclete velhos e pegadas de baratas
eram duas partidas de street fighter 2, com a chun li ou o guile. sem essa história de especiais.
eram beijos tão doces que fariam qualquer velhinha diabética desmaiar a um quarteirão de distância
eram piadas engraçadas como aquelas da Phoebe.
de noite, era como ver uma mensagem inesperada do celular
ou era como depois daquele jogo do basquete no colegial, que eu fiz duas cestas de 3
também tinha shang tsung.
as vezes era alto como um rochedo
como um dromedálio que escapou das asas do Roca e acometeou as areias do deserto
era como um daqueles contos incríveis do Bill Willingham.
não era um livro do foucalt mas era um nietszche nos cafés da manhã
como um cookie
já sei.
era suave e saboroso como um hot roll
era aquele primeiro grande livro do Fernando Sabino.
era um carro de vidros fechados e uma tentativa fútil de desatar o cinto
se esse garoto
esse aí, do doce de abóbora
andasse e desce voltas
ele teria uma camiseta roxa do King of All Cosmos e um moleton velho de capuz, uma jaquete de hell's angels
anéis. da tropa, de escorpião, do valknut
unhas assim, curtas, mas, meio pretas.
mão sem calos
braço finos e algumas cicatrizes
uns cabelos meio cacheados meio crespos meio cinzas
um par de olhos de multiverso
e um par de dimensões paralelas de ouvidos
e um diabo de palavras entre a nuca e o pescoço
não teria bigode, só uma barba rala.
porque a maquininha, é legal de passar no número 1.
e vestiria jeans
e um all star preto
e não teria moto ou carro
ou um lobo atroz de cela ou uma bicicleta
escolha simples
e um punhado de acessórios de fazer inventário de diablo ou WoW parecer brincadeira de jardim da infância

e uns livros na mochila
para escalar o conhecimento
e uns fones de ouvidos desligados
porque eu quero mesmo é ouvir o mundo.

como era, perguntaram ao garoto?

era muito alanis, um pouco de shakira e uns Skas que é um ritmo oprimido
o meio irmão do rock, só se deu bem por causa do sax.
era um violão bonito, que escolhi com carinho, num dia de sol na Teodoro.

era a feirinha da Benedito que nunca fui.
mas eram todos os tiros de nave de star wars.
todos.
com explosões e tudo.
eram todos os surrurros que vem do lugar aonde vão parar as tampas de caneta bic
tantos manos que parecia um baile funk na rocinha
era um despredimento.
como se fosse de fato normal separar o mar com as mãos
meus gibis da marvel, empoeirando aqui.

como era garoto?

era como um sonho que se vive.
mas, aí, acordei, meio zumbi. imbuído de meia vida.
Eu era um Solomon Grundy de pessoa. e minha Zatana. não esperava por mim no próximo quadro.

era como meus desenhos
que conversam comigo eternamente da gaveta
ou da minha cabeça

era como tomar uma com os deuses
sem jogar um pouquinho para eles.
o que eu deveria fazer? atirar o conteúdo da taça na face daquele que me abriga em seu coração?


era minha morada do alto
inspiração
era como saber de um segredo sem que ninguém ouvesse contado e, ainda assim, sem descobrir

como era?
perguntavam ao garoto
e ele então, abriu os olhos
questionou-se sobre a luz forte
enxergou um vulto de rostos e formas, e disse:
Já passou?

já.
alguém esteve aqui.
e fecharam a porta.

5 comentários:

Lady_v disse...

Você tem talento.
Acho que há muito tempo eu não lia uma poesia tão pessoal que conseguisse ser tão universal.
Parabéns. Eu sabia que você era bom, mas me surpreendeu.

Bjus Gui.

Elsa Villon disse...

Nossa, fiquei 3/4 triste com o final da poesia.

Eu tô uma mantêguinha francesa viu!!!

Nunca fui na feira da Benedito. E trabalhava perto.

Meu passado é pura ironia.

Heloisa Moraes disse...

um monstrinho sensível.

UI!

haushaushuahuehaus

um beijo!

Elsa Villon disse...

Comentário sobre o comentário da Helô: nada no Gui é no diminutivo. Um monstrão.

Briccio disse...

Cara, fantástico.
A cada "como era?" vc cria um mundo na descrição de um ponutal encontro entre momento e você. Uma puta bacana demosnração do que o mundo pode ser, texto, Weltanschaung e vida. Du caralho.