quarta-feira, 16 de junho de 2010

J (Zeger)

Ela não me quis porque eu tenho uma barba, grande e malfeita que não deve ser coisa de gente bem afeiçoada.

Ela não me quis porque minhas roupas não combinam, não são da moda, porque eu uso chapéu e porque minha jaqueta está manchada de cândida.

Ela não me quis porque eu cheiro a bebida barata e desodorante vagabundo, e perfume? Bem, nem perfume eu uso.

Ela não me quis porque eu falo muito e a moda hoje é falar pouco e ter ar de mistério.

Ela não me quis porque eu danço com a elegância daqueles que não fazem questão de serem vistos e porque tenho mais de 1m90.

Ela não me quis porque meu papo sobre astrologia e as verdades da vida parece conversa fiada.

Ela não me quis porque sou pobre, feio, pé-rapado, xavequeiro de merda que nem tem onde cair morto.

Ela não me quis, principalmente, porque ela não me conhece.

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E é preciso conhecer para se desejar de verdade.
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Ela não me quis... porque ela não leu essa poesia.

6 comentários:

Anônimo disse...

Adorei a poesia, de verdade. E realmente ela não te quis porque não te conhece, logo não te merece.

Bejuu

Marcio Hasegava disse...

Cara, curti. As coisas que nos entristecem podem gerar coisas bonitas como esse texto.

Cristine Bartchewsky Lobato disse...

pena pra ela, que ñ te conhece, my dear.

e fico feliz com o elogio. mas o refinamento foi da dor, o resto é consequência.

;)

beijos

Elsa Villon disse...

Ele me quis, me conhece e não quer mais.

E agora José?

oguardador disse...

Ar fresco por aqui.
Gostei da ironia. É sempre bom rir de nós.
Voltarei.

MBorges disse...

E(u)la te quis. E te quis por tudo isso, ainda que por apenas duas noites.