terça-feira, 17 de março de 2009

Rust in peace

He was rambling and roaming for three days. The hungry now was even greater than when he flee the army. Old goat meat, given to him by that old witch in Thomas Wood, was the last thing to touch his stomach for, at least, eight days. As he father always said, “these god damn roots would never feed a grown up man”. Right he was. But, after all, after all suffering and lamentations, he had the first blow of a good thought appearing his mind, after all this days of walking, that sweet potato soap of Sally Mc Lean.

Dear Sally,

A Guerra apenas causa dor aos homens. A todos os homens Sally. E como sabe, nunca fui exceção.
Esta, provavelmente, é a última carta que lhe escrevo. Pois, Sally, não existem cartas que consolem o coração de um homem da guerra Sally. Realmente não há.
Ouvi que bandos de homens do exército já começaram a invadir as fazendas e propriedades vizinhas as rotas de suprimento das trincheiras de Jugh Town. Estão todos famintos, a dias não comem um pedaço de pão ou tomam um gole de leite.
Estou de partida, querida. Não há um outro lugar que esta vida me levará, a não ser a morte, e mais morto do que estou, não quero ficar. Rogo a Deus, que, antes do fim, possa encontrá-la.
Parto hoje daqui, espero que, quando essa carta chegar as suas mãos, eu esteja mais próximo de encontrá-la do que jamais estive nos últimos 2 anos.

Com amor,

Janota, já mostrava sinais de fraqueza. Sem energia para caçar, eu o via definhar. Mais do que eu talvez. Embora, me fizesse companhia, todo esse tempo, acho que, fui eu, mais instrumento da sua ardilosa esperteza canina, que ele, da minha aventurice humana. Não importa, sei que, mesmo cansado, o velho Janota se recuperará rápido, tão breve consiga algo decente para comer. Maior que um pardal comido pelos vermes ou os ossos quebradiços de um esquilo.
Pelo menos, ele não se preocupa com o frio. Que já está a me doer os ossos. Não me visto. Me enrolo em trapos, trapos tão sujos que, se lavados fossem, se desfariam, imagino que, apenas a sujeira, mantenha esses fios presos uns aos outros.
De noite, quando a neve se fazia sentir no suave toque sob minha barba e na pelagem do velho Janota, avistei uma casadela. Um galhinheiro, com umas três galinhas, a madeira molhada estalando ao vento, e a fumaça da lareira a esvaziar-se no seu.
Bati a porta:
- Um prato de comida a um velho soldado.
- Um prato de comida a um morto de fome.

Nada.

Virei as costas, dei alguns passos, perto da cerca a porta se abriu. Se Deus permitir que você não faça nenhum mal, que ele permita que você entre. Subi os degraus.
Avistei essa jovem mulher, de cabelos negros ondulados, com um vestido verde, gola alta, olhos profundos.
Tenho um pouco de sopa, disse ela. Aceitei de bom grado. Sentei com Janota perto da lareira, um caixote velho me serviu de apoio e ela sentou-se, desconfiada, numa velha cadeira.
Perguntou meu nome. Disse que se chamava Paula.
A guerra lhe tirou tudo. Consumiu seu marido em suas trincheiras. Dois filhos, mortos. O mais novo, que havia ficado em casa, tentou defender seu último porco de um ataque de urso. Morreu uma semana após os ferimentos. Eles batem como uma marreta, esses animais. Ela não o culpa. Devia apenas estar faminto, como eles. Sem ter esperanças de ver sua família reconstruída, hoje, sobrava comida.
Embora fosse jovem, o sofrimento lhe acariciou com muitas marcas sobre a pele e, com uma saúde, já débil e fragilizada. Mas, eu podia enxergar por detrás das olheiras profundas, daqueles cílios claros, a mulher forte que já havia morado ali. Recolhida na sua cadeira, em algum lugar.

Ela se retirou para o quarto. Fiquei com Janota, de frente ao fogo. Algum tempo depois, me ofereceu algumas roupas, que foram de seu marido. Agora, sem utilidade, a não ser trazer lembranças dolorosas. Por sorte minha, serviram. Ganhei um casaco, um par de calças, boas botas e um chapéu. Graças a Deus. Joguei meus trapos no fogo, dei graças e tentei, também, queimar as memórias dolorosas do passado.

I was dreaming about the beatiful yellow glow of Sally’s hair.
I heard the door craking. Janote, lifting up the ears. I saw that feminine figure, dressed up in a long white sleep cloak.
Could you, would you, please, come with me. I stand up. Follow her to the bedroom.
She lay down on the bed. She had tears in the eyes. Could you, would you, please, lie down here, and please, don’t go any further, just, just, stand by my side.

Achei aquilo confuso. Ela pediu novamente. Por favor.Tirei o casaco. Deitei.
Janota me olhava desconfiado, mas logo deitou sob o pé da cama e lá ficou.
Depois de alguns segundos, Paula começou a chorar.
Soluçava. Entre soluços e um som de grande agonia, agarrou minha mão.
Pediu desculpas. Pediu que eu ficasse ali. Pediu por favor.

Aquela mulher, aquela fortaleza, aquele ser humano.
Chorando de frente a um desconhecido, fedido e maltrapilho como eu.
O abrigando em sua cama, em seu íntimo.

Apenas para se sentir segura. Se sentir amada. Viva.

Eu permaneci parado. Eu a abracei. E cantei a velha canção que a bruxa, em Thomas Wood, havia cantado para mim.

Oh I’m going
Oh I’m going
My dear
Soon my home will be near me
And by the falls and grace of the Lord
Soon I’ll be home, just after the storm

Even if the mountains grown up
Even if the valley stay down
Foot after foot, day after night

Oh I’m going
My dear
To home
My dear
Until the leaves fall
Until the leaves fall

A Guerra Sally, eu pensei, é a cólera de todos os homens.

4 comentários:

Anônimo disse...

Goooood, old sailor.
That's how I like it.
Old wars die hard, eh?

Anônimo disse...

So let me rest in peace
why won´t you
let me rest in peace

Briccio disse...

massa!! que parada é essa aí meu?? é tu que escreveu tudo?

muito bom. bom de ler.

abraaaço!

Elsa Villon disse...

Bem, fazendo jus ao estilo "No sense" de comentários em blog, digo apenas que isso tudo é a cólera de todos os homens.