terça-feira, 27 de outubro de 2009

Memória musical olfativa

Para variar ia escrever outro texto.
Outra coisa. Estava quase terminando. Aí, Bam!Kapow!Splash!Pow!

sonhei com você novamente
e, os deuses sabem como eu entendo de sonhos.

porque, vou te contar um segredo, sonhos não são o que as pessoas pensam que são
são o que as outras pessoas pensam sobre os sonhos.

e aí, aparece você, toda libidinosa e com aquele sorriso que, deus, derreteria o gelo do whiskey.
aquelas mãos que, pelas barbas do velho, parariam uma guerra. chamariam um ônibus, estourariam o estopim de qualquer TNT, bomba nuclear, bandinha de rock para garotas.

que eu faço contigo, me diz?
queria poder desdobrar seus sentimentos pra te dizer, é assim, honey, é a vida, é desse jeito que é, e você sente, isso, isso e isso.

mas, não, se não me deixa.
nem entrar nem sair. fico na soleira da porta, treinando malabares.

até o diabo decorou o cheiro dos teus cabelos.
eu sou só um homem.
versado em certas coisas, idiota em todas as outras, mas, poupe-me dessa prosopéia sentimental.

e me diz, porque você insiste tanto em habitar os meus sonhos?
é teu desejo de se firmar na minha vida, de me deixar entrar e deitar no sofá para ver desenho, como fazíamos quando o sol ficava nublado.
ou é outra coisa. outro diabo de coisa. diabo de cheiro. dos seus cabelos.

e não é só as músicas. porque também tem elas.
guanabatz. sabe? não é só rockabilly, porque, nem disso você gosta.
não é só os favores que você faz para mim, e, que, poxa vida, você nem sabe que nem para mim são.

é algo tão enraizado nesses seus olhos, que vem com aquele seu tom de voz. e como você pensa e mexe nos cabelos.
e quando você me abraça.

não é paixão.
porque de paixão eu estou farto e, sei muito bem identificar os sintomas. doença que se pega mais de uma vez. dois golpes no mesmo cavaleiro de bronze.

é angústia.
uma angústia incessante de te decifrar.
bendita!
uma angústia de te ter na cama ou em qualquer outro lugar. só nós.
é esse cheiro e, deuses sabem como eu quase não sinto cheiros, que impregnou em mim.

cadê você, minha nega.
que eu te chamo e você não vem?
no fundo, no fundo, acho que a ardilosa é você.
que sabe de tudo. que sempre soube.
que me observa desde os tempos que a gente desenhava.

e aí, meio subconscientemente você desenhou essa situação toda.
desenhou para você
e to aqui, tentando ser a pedra roseta.

e aí tudo me diz.
o céu me diz, a salamandra me diz, a serpente me diz, o metrô me diz.
todos os sinais me dizem, falam seu nome.
e você.
você não.

é aquela música do guanabatz. love generator.
queria poder te encontrar em um lugar que não existe mais.
que foi só nosso por 45 minutos, sem você saber.

naquele dia que você viu todas as minhas cicatrizes.
e disse alguma coisa que eu não lembro. mas foi bonita.

queria te pedir também pra trocar de pijama, e vou esvaziar todos os potes de shampoo.
não quero nem saber se são ou não seus.

só para saber de onde vem esse cheiro.
esse maldito cheiro que vem do seu cabelo.
e me faz pensar em você.
mesmo quando você está longe.
e não está nem perto de pensar em mim.

versado em coisa nenhuma.
sou o mesmo idiota de quando te conheci, preta.
o mesmo.
só que a gente já se esqueceu.

me ajuda a lembrar.
e faz como no meu sonho.
me leva para aquela varanda e me mostra porque eu gosto de mulheres como você.

para um amante do mundo.
até que eu não ligo de pousar uma noite.
desde que a cadeira de balanço esteja perto.
e tenha pizza no forno.

se você ler isso um dia.
me ajuda a lembrar.
ou vai ficar tudo meio enevoado, como num sonho, como naquela música do guanabatz.

Um comentário:

Anônimo disse...

ui ui ui!
vc tem memória ruim, e a garotinha?