quarta-feira, 4 de julho de 2007

Doravante

Faz tempo que não te conto dos meus confrontos
Faz tempo que ninguém ouve meus berros
A ninguém vê o sangue que jorra,
Ninguém mais se degladia com cutelos

Não fugi, pelo contrário, estou de volta
Ouço sua voz querida, que tantas vezes senti chorada, sofrida
Mas você está morta.
Ando conversando muito com mortos, como você.

Talvez esteja chegando a minha hora
Tambores tocando, cores que rodopiam sinuosas e secas
O molhado dos meus pés no chão...
Sangue, sangue dos meus inimigos por todas partes

Enquanto uivo alto, o sangue deles entra pela minha garganta
Quando dá, eu cuspo fora, quando não dá, eu engulo
E eu adoro...
A minhas feridas expostas, a ardência, a dor, dor localizada,
Dor espalhada, dor de ossos quebrados, dor de pele rasgada,
Dor de magoa, dor de cheiros que ardem, cheiros de guerra

Cheiro de guerra, cheiro de morte, cheiro de carne morta,
Cheiro de entranhas, cheiro de ferro, cheiro de chamas
Cheiro de grito

Gritos de dor, de ódio, de sangue...
Que beleza minha amada, não é lindo tudo isso?
È definitivamente estou de volta.
Até gostaria de estar contigo, mas você sabe, você já morreu...
E no fim das contas não daria certo.

Melhor seguir sozinho... cantando
Talvez eu precise de um banho ou dois...

Guardo comigo o espírito dos meus adversários
Trapos, olhos, dentes, algo que retenha seus valores, sua ferocidade
Respeitar o adversário, a morte e a guerra.
Dos adversários menos valorosos eu entrego a terra, quem sabe ela os renasça grandes guerreiros, arvores, rochas...
Ou que ao menos sirva de alimento as aves, aos vermes, pequenos roedores, órfãos de guerra...

Como é bom voltar pra casa...
Conheço cada arvoredo, cada pedaço de grama, cada entranha da terra, cada coruja que pia
A meus irmãos recebei-me de mandíbulas abertas, trago boas novas e um alce para saciares a fome.
Sim, foi fácil... Ostrogoths do norte do rio...
Talvez quatro, no máximo cinco dezenas, todos montados... Mas deu pra sair bem...
Não esse osso é meu, é a parte mais gostosa do alce, além de que, deu-me um puta trabalho arrastá-lo até aqui, coma e não reclame.
Seu pelo, sim estou vendo, gostei do vermelho, combina com sua pena yougling...
Ahn isso aqui? Fraturei, mas a hemorragia já parou... é talvez uns três meses...
Claro...
Não trouxe dessa vez, oras, estava guerreando não a passeio.
Passo oito semanas e batalha e nem perguntam se estou bem, são uns selvagens mesmo.
...
A claro se não estivesse bem não traria um alce, é parece lógico, mas você nunca foi muito lógico o que aconteceu, tomou uma mordida na cabeça?
Duas.. ahn
È bom estar de volta...

Canteremos a noite é longa.
Canteremos porque estamos vivos
Canteremos porque o tempo é curto
Canteremos porque é preciso
Canteremos a vida nossa
Canteremos eles estão ouvindo...

2 comentários:

Anônimo disse...

so you're back on war...

good to see you again, mate.

that nurse on your left is cute... she may heal you if you ask so...

take care buddy...

Briccio disse...

cara, vc n sabe como é interessante ler suas poesias! é como se fosse uma mistura de conhaque com cerveja, olhando pela janela n'um dia frio. viagem...

mas, vc tah bem? essas palavras me fizeram pensar e coisas...

abraço de urso!